terça-feira, outubro 04, 2005

Desarme-se

Como nos EUA de Bush, a propaganda de quem defende o voto em NÃO no Referendo sobre o desarmamento, usa o medo como forma de convencer as pessoas que o melhor é cada um cuidar de si, cada um se defender como pode. De repente, instala-se a idéia de que um dia após a aprovação da lei, os traficantes poderiam - numa celebração entusiasmada da vitória do SIM - invadir todos os lares desprotegidos da nação. Imagina-se coisa do arco-da-velha, rebuliço nas ruas, domínio generalizado da sociedade pelos bandidos, uma situação pior do que a outra... É a política do medo...

É típico do brasileiro de classe média o individualismo, falseado pelo carnaval, pelas festas de rua, pela falsa boa receptividade que ele demonstra no primeiro instante - para meses depois dizer que odeia coisas populares. A classe média brasileira, preconceituosa e burra em sua maioria, defende o "tira a mão do que é meu", "eu sei", "eu posso", "eu vou", "eu quero", "eu sou"... E se temos esse preconceito racial velado, uma cidade partida (como aqui no Rio), preconceito sexual, preconceito de tudo que maneira, seria óbvio perceber que esta mesma classe seria contra o desarmamento. E se me disserem que é mentira a burrice e o preconceito, dou o exemplo do nosso presidente Lula, chamado de analfabeto por muitos de conhecidos meus, muitos deles se achando inteligentérrimos e capazes, coitados... Muitos deles eleitores duplos de Fernando Henrique, um presidente formado e dito inteligente, que nada fez pelo país. Aliás, minto. Fez sim. Vendeu tudo o que é nosso. Mas voltando ao assunto, senão fico prolixo demais.

Imagine que medo das pessoas lá da Barra, em ter que jogar suas armas fora! Depois de comprarem apartamentos em verdadeiros resorts, em verdadeiras Alcatrazes cariocas, imagine o medo! Que medo não ter uma bala pra cravar na cabeça do bandido que invadir sua casa domingo à noite. É medo de perder seu patrimônio, medo, medo, medo...

O medo produz essa sociedade: Carro blindado, condomínios fechados, segurança na rua, câmera na porta, arma na mão! Arma, arma, arma, proteção. Vão todos se fechando e ficando em casa, trancados, fazendo de seus lares sua própria prisão. E quando saem nas ruas, querem dar tiro...

Aonde chegaremos com isso?!
Desarmar-se não é apenas largar a arma. É abrir os olhos para a sociedade e a cidade em que se vive, e pensar de uma forma inteligente em como resolver o problema da violência. Não é com arma na mão que se faz isso.
Desarmar-se não é apenas deixar de ter uma arma em casa. O verbo já vem carregado de significados que, provavelmente, a classe-média brasileira instruída, não aprendeu na escola e não quer aprender na vida.

Que o destino nos ajude. Deus anda muito ocupado, coitado.