sábado, dezembro 07, 2002

Caetano Veloso - Muito Romântico

Não tenho nada com isso, nem vem falar
Eu não consigo entender sua lógica
Minha palavra cantada pode espantar
E aos seus ouvidos parecer exótica

Mas acontece que eu não posso me deixar
Levar por um papo que já não deu, não deu
Acho que nada restou pra guardar
Do muito, o pouco que houve entre você e eu

Nenhuma força virá me fazer calar
Faço no tempo soar minha sílaba
Canto somente o que pede pra se cantar
Sou o que soa eu não douro pílula

Tudo o que eu quero é um acorde perfeito maior
Com todo mundo podendo brilhar no cântico
Canto somente o que não pode mais se calar
Noutras palavras, sou muito romântico

quinta-feira, dezembro 05, 2002

Ziembinski ao desembarcar no porto do Rio de Janeiro às cinco horas da tarde do dia 6 de julho de 1941 relata a lembrança que guardou das suas primeiras impressões da cidade:

“Eu fiquei em primeiro lugar espantado não somente com a beleza da cidade, mas com a liberdade de que eu dispunha. Com o ar macio, encantado, com a riqueza – eu não devia usar esta palavra, riqueza – com a opulência daquilo que estava na minha frente, com essa exuberância, de cores, daquilo que se podia ter, daquilo que se podia obter, com a falta de qualquer empecilho na frente da gente, com a natureza que se oferecia para ser desfrutada, e homens, mulheres, crianças, todo o povo que se abria diante da gente, e nos acolhia com aquela característica brasileira, e especialmente carioca, que nós conhecemos muito bem, mas que era muito estranha para mim, naquele tempo”

Depoimento de Ziembinski ao Serviço Nacional de Teatro em 16.04.1975 – versão integral, não publicada.
Retirado do livro ZIEMBINSKI E O TEATRO BRASILEIRO de Yan Michalski